segunda-feira, 22 de julho de 2013

Na sala com Francisco


Gustavo é católico, Edmundo evangélico e José Roberto, o mais velho dos três irmãos, diz que já não acredita em mais  nada. Em casa assistiam juntos ao especial do Canal History sobre o Papa Francisco, chamado de o Papa do Fim do Mundo. Os três irmãos viram tudo enquanto debatiam. Gustavo, o do meio, garante que a igreja vive agora um novo momento e que o novo líder encontrará o caminho para barrar a corrupção no Vaticano e os escândalos que saíram dos bastidores, catacumbas e sacristias para desanimar milhões de fiéis pelo mundo todo.

Edmundo, o mais novo,  procurou não botar o dedo na ferida dos escândalos, já que o meio evangélico não anda com o altar tão limpo. Mesmo assim escorregou na onda do fatalismo e apontou a história do programa como sendo um sinal do final dos tempos. Garantiu que o  Papa Negro nada tem a ver com a batina preta dos Jesuítas. O negócio é mais sério. A questão é mais profunda. Vocês vão ver, ameaçou como quem ama, sem se lembrar que ameaça e amor não dormem na mesma cama.

José Roberto, que um dia acreditou em quase tudo, pediu silêncio. E não falou pouco. Para ele existe uma igreja dentro da igreja e outra fora dela. A que está dentro, vive sufocada pela estrutura, pelos dogmas, pelos donos de cada pedaço e por uma série de novos mandamentos impostos ao sabor da preferência de cada denominação. A que está fora, nas ruas, nos bairros, ao redor dos prédios e liturgias, é a igreja carente, formada por gente que um dia já teve fé, assim como ele. Pessoas que deixaram de ver, ou que nunca enxergaram naqueles que diziam ser cristãos, o Cristo que eles tanto defendiam. E encerrou categoricamente, com a preferência de ser o mais velho: vocês dois ao invés de puxar a sardinha pro assado de cada um, precisam entender que por mais que um líder diga isso ou pense aquilo, sem a prática, sem o bem, sem as ações que realmente provem que o amor existe, a crença em Deus só vai diminuir. Enquanto Ele for representado por religiões e não por pessoas que amam e servem, as paredes vão continuar erguidas e os muros  ficarão  altos. Não será possível ver além. Se é que o além existe. E fiquem quietos que eu vou dormir!!

terça-feira, 16 de julho de 2013

No mundo da lua

Li sobre um garoto inglês chamado Dexter, que visitou o Centro Espacial John Kennedy nos Estados Unidos. Depois disso, seu fascínio pelo espaço aumentou tanto que escreveu uma carta para a Nasa. Nela ele fala sobre o envio de pessoas para Marte, no futuro. E encerra se escalando para ir. Não agora, com apenas sete anos, mas, quando crescer, quem sabe?

Para surpresa dele e de sua mãe a Nasa respondeu. Enviou fotos do espaço e um incentivo para que o menino tire boa notas na escola e não deixe morrer seu sonho.

Os meus limitados conhecimentos de matemática e uma dificuldade tremenda de ficar até mesmo encostado numa sacada de prédio de poucos andares, contribuíram rapidamente para que eu pusesse os pés no chão e desistisse de um dia virar astronauta. Sonho que a maioria das crianças da minha infância acalentava. Afinal, a viagem à Lua era assunto de todas as rodas. Os debates sobre ser ou não verdade os primeiros passos de Neil Armstrong em solo lunar davam o que falar nas reuniões de família ou encontros de amigos dos meus pais. E nós, que acreditávamos em tudo, sonhávamos com as estrelas.

Vi um pouco de mim na história do Dexter. Ele foi mais corajoso que a maioria. Escreveu para quem manda para o espaço o seu desejo de um dia estar lá. Não sei se ele chegará a realizar seu sonho. E se estarei aqui para ver. Mas aprendi um bocado com esse menino ao ler sobre sua pequena grande carta.

Lembrei-me que um dia todos demos nosso primeiro passo. Ousamos sonhar um novo sonho. Decidimos escrever e assinar que aquilo era o que mais desejávamos. Quandos deles ficaram dentro de gavetas e amarelaram?