sábado, 29 de novembro de 2014

Bola de cristal e a caixa-preta



Um dia Pelé previu que a Colômbia venceria uma Copa. Para frustração dele e dos torcedores daquela seleção, a equipe caiu na primeira fase. Tempos depois os economistas pisaram na bola com as previsões de que 2012 seria um dos piores anos para a economia. Aconteceu exatamente o contrário. Por falar em 2012, pior do que dizer que a economia iria pelo ralo, foi o barulho feito no mundo todo de que aquele seria o ano final. O do apocalipse. Até filme com a despedida catastrófica do planeta foi feito. E nada! Está aí nosso mundão, cheio de problemas, mas pelo jeito, longe do fim. Com os defensores dos Maias afirmando que não era bem assim. Como assim?

Navegando pelo mundo das previsões, vi uma brincadeira do programa Pânico de 2009, com a inesquecível Mãe Dinah. Naquele ano a vidente se aventurou pelo futebol também. Disse que no Campeonato Carioca o Flamengo seria campeão. Acertou no time e errou no nome, ao chamar o rubro-negro de Framengo. O furo da Mãe foi comentar que Romário marcaria gols na final do Campeonato. O Baixinho já havia parado de jogar, dois anos antes.

Em São Paulo dona Dinah piorou a situação; garantiu que São Paulo, Palmeiras e até a Portuguesa poderiam levar a taça. Mas as finais já estavam marcadas entre Corinthians e Santos. Além do chute pra fora, ela mostrou que não  andava  vendo nenhuma resenha esportiva. E o Timão comemorou...
Eu passaria horas aqui, escrevendo sobre previsões furadas. Claro que muitas delas também acertaram. Algumas em cheio, outras pela metade, e existem até aquelas que abrem margem para a interpretação. Mais ligadas à fé de quem espera do que ao fato de fato. Sem contar as previsões dos institutos de pesquisa neste ano. Que tiro no escuro. No primeiro turno alguns bambambans chegaram a erros acima de 60%. Uau!!

Falei tudo isso para chegar ao vidente Juscelino Luz, que avisou, com registro em cartório, que um avião cairia na Avenida Paulista no dia 26 de Novembro. Seria um voo Tam, com destino a Brasília. Como sabemos, a Paulista continua linda e movimentada e o povo que estava no avião só teve como preocupação um espera de 20 minutos no ar, em função do mau tempo. Isso em Ribeirão Preto. Nada a ver com Sampa.

Como desculpa pelo erro, Juscelino disse que a empresa aérea, ao saber da previsão, teria trocado a aeronave. Informação negada pelos diretores.
Pelo sim, pelo não, decidi abrir uma nova vaga para a curiosidade e ler mais sobre profetas do passado e do presente. Usando como bola de cristal o doutor Google. Já exclui economistas, institutos de pesquisa, Pelé e Juscelino. A mãe Dinah, como já sabemos e ela não sabia, não está mais entre nós...





quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Anônimos



Sabe aquele saquinho de lixo que estava dentro da lixeira quando você jogou algo que não queria mais? Alguém colocou lá. O papel higiênico, a garrafa com água na geladeira, o pote de margarina, o pão...
Em casa é assim, na rua e na empresa também. Alguém chegou antes e deixou tudo preparado para que você e eu  pudéssemos  usar. O lixeiro recolheu o lixo, o gari limpou as vias, o técnico consertou o semáforo, a zeladora limpou a mesa, os banheiros, os corredores e o caminho estava livre para acordarmos, tomarmos café, sairmos  e começarmos mais um dia.

Quando voltarmos, alguém terá feito muito mais pra que tudo funcione do que nós mesmos fazemos. Claro que cada um executa sua tarefa e é assim que caminha a humanidade. Não disse e não digo que o que eu e você fazemos não tem valor. Ao contrário! Digo que o valor do que fazemos está também baseado no terreno preparado por outros.

E eles são os anôminos, os esquecidos, os que muitas vezes não ganham nem um bom dia. Quanto mais um muito obrigado. Um presente ou alguma recompensa?? Nossa senhora das gorjetas, aí sim é muito raro.

Pensei muito neles e o quanto às vezes perdemos a paciência porque o caminhão de lixo está no meio da rua e queremos que ele saia logo. Meu Deus! Que minutos tão importantes são esses que não podemos esperá-los passar? Os caras estão pegando o resto daquilo que para nós não presta mais.

Por favor não me diga que a ou b estão ganhando pra trabalhar e tem mais que fazer o seu mesmo e pronto. Não é sobre pagar ou não pagar que estou falando. É sobre reconhecer, agradecer, entender, valorizar, enxergar...

Afinal, se uma pessoa se esforçou para que meu bem-estar fosse preservado, seja ela de casa ou não, esse alguém é especial. Me ajudou muito. Deu-me a chance de viver melhor aquele dia.  

Qual o seu nome? Ele tem família? Tem sonhos? Faz um trabalho aparentemente mais humilde por quais razões? Teve oportunidades? Ah, em casa também tem alguns anônimos? Tua mãe não ganha um muito obrigado há quanto tempo? E a pessoa que ajuda vocês de vez em quando? A vizinha que cuidou da casa enquanto você viajou por uns dias, a empregada, o carteiro, o cara do gás...


Tudo bem, andamos muito ocupados, não é mesmo? Não dá tempo de agradecer a todos. 


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Seat for flotation

Sempre que posso eu atendo a convites para dar palestras. Falo sobre ética no trabalho, marketing pessoal e resiliência. Você sabe o que é resiliência? Viu! Deve ser por isso que estou sendo chamado cada vez menos...
Nos longos intervalos entre uma palestra e outra, aproveito pra me aprofundar em alguns tópicos dos 3 temas. Quando falo em resiliência, a capacidade que a gente desenvolve para conviver em ambientes com muita pressão, geralmente abro citando o exemplo dos tipos de pessoa encontrados em momentos de desespero ou tragédia. Numa queda de avião, ou um prédio pegando fogo, por exemplo.

Dizem os entendidos que existem três tipos de pessoa: aquela que fica paralisada, catatônica, trava toda e não consegue fazer nada, a que se desespera totalmente e corre de um lado pro outro e, por fim, o que consegue manter a calma, socorrer os demais, orientar e buscar uma saída com um mínimo de sangue frio e consciência.

Descobri que existe também um quarto tipo de pessoa: é o comediante de stand up.  O  observador, que consegue identificar cada um na sua e ainda sobrevive. Depois vai pro palco, conta tudo, exagera e ganha dinheiro. Ao invés de tentar ajudar fica só de olho: Humm, aquele ali vai morrer; não sai do lugar, olhos esbugalhados, palidez, acho até que já morreu. Essa aqui tá indo direto pras chamas. Não viu que a saída é pro outro lado. E o outro ali é fera. Socorreu, um, deu um tapa  na outra pra acordar e achou a saída. Pulou na água e… que merda!! O assento não flutua...era mentira.

Quando falo sobre ética no trabalho, geralmente a palestra dura menos que as demais. Primeiro porque a maioria não acha que precisa. O sujeito puxa o tapete do colega, faz de tudo pro novato não se dar bem, leva um monte de histórias pro superior e se acha ético. Tudo pelo bem da empresa...que aliás, muitas vezes tem em cargos de chefia alguém que chegou lá sem nenhuma dose de ética. E ainda convida um palestrante porque acha que é disso que a equipe dele está precisando. E de resiliência também. Principalmente a hora que a coisa pega fogo.

O marketing pessoal então,  está com os dias contados. Com as redes sociais todo mundo acha que sabe vender a própria imagem. E ninguém mais tem defeito. O mundo virtual é o melhor lugar pra gente morar. Principalmente se você tiver dois polegares rápidos, meia dúzia de frases feitas e fotos legais de quando você era magro e sabia nadar.

Bem, com licença que tenho um texto de stand up comedy pra mandar para um amigo que tem show amanhã. E não viaja de avião de jeito nenhum...

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O fim do apagão


Tempos atrás o empresariado criou o Impostômetro. Com a ideia de mostrar aos brasileiros o quanto pagam de impostos, engordando o caixa da União, faminto, sedento e insaciável. Convivemos também com outos "ômetros" importantes. O Bafômetro, aliado à Lei Seca, tem mudado a vida de muita gente. O motorista da rodada é cada vez mais solicitado e pessoas tem sido salvas. Mais pelo medo da multa e consequências do que a consciência; mesmo assim, já é um começo.

O Termômetro anda em alta também. Ainda mais quando está em parceria com o Anemômetro e o Higrômetro (favor pesquisar no Google). De uns anos pra cá quase não existe noticiário sem o mapa com indicações de temperatura e clima. Embora em algumas cidades, como Curitiba e São Paulo, frio, calor, chuva, sol, vento e possível tempestade no decorrer do período aconteçam tudo num dia só.

Quer outro? Cito com louvor o Esfigmomanômetro. O velho aparelho para aferir a pressão. Ou medir, como preferem alguns. Sim, hoje ele é até digital e nunca na história deste país  foi tão importante. Vivemos uma era de pressão em meio a um mar de hipertensos pra todo lado. O Brasil já tem quase 25% de sua população com hipertensão e esse número pode aumentar 80% até 2025.
Falei tudo isso porque escrevi esta crônica no mesmo dia em que Dunga anunciou a "nova" seleção brasileira. Mesmo tendo feito uma promessa que depois do 7 a 1 não torço mais, pensei a respeito e decidi iniciar as pesquisas para inventar o Apagômetro. Sim, um aparelho capaz de prever o apagão em quem quer que seja.

Veja o episódio do time do Felipão contra a Alemanha e depois disso quantas vezes o apagão serviu de desculpa para uma falha. Na hora H, do tchan mesmo, já tem gente dizendo que "isso nunca aconteceu comigo, deve ter sido apagão." Prova no Detran, batida de carro, aniversário de casamento, reunião esquecida, pensão atrasada, relatório meia-boca, enfim, dizer que deu um apagão virou a desculpa da vez.
Um equipamento capaz de prever se alguém vai apagar, não literalmente claro, mas apagar como David Luiz e Cia., seria a salvação do futebol, a solução de conflitos matrimonias e até mesmo da relação entre pais e filhos. Alguém ia apagando e, de repente, o aparelhinho com aplicativo no smartphone avisa a tempo e tudo fica claro, sóbrio e ligado. Olha só, que maravilha!!

Por enquanto o jeito é a gente se virar com auto-ajuda, um complexo B aqui ou ômega 3 ali e uma agenda com alarme no celular. Que pode não ajudar na hora do gol, mas quebra um galhinho.

Um dia será anunciado o Apagômetro. Depois de inventado, antes que eu me esqueça, vou patentear e oferecer a criação para a CBF. Também poderá ser útil ao Governo, já que o Impostômetro não o sensibiliza nenhum pouco. Quem sabe nossos governantes se recordem que somos gente. Quase apagando, mas somos...

sábado, 9 de agosto de 2014

Obituário


Ele sabia que já não se fazem mais obituários como antigamente. Nem mesmo os jornais são feitos como antes. Aliás, poderia ser escrito um obituário para quase tudo, já que a maior parte das coisas de que nos
lembramos parece ter se perdido, ficado enterrada em algum lugar. Mesmo assim insistiu com a editora do jornal.

Pediu, quase implorando, que ela publicasse aquela pequena homenagem para alguém que havia morrido. Pra piorar, a morte havia acontecido há 22 anos. Como explicar a publicação, numa página nobre, de uma nota com a data de vencimento expirada há mais de duas décadas?
De tanto insistir ele a convenceu de ler o texto. Caso não gostasse podia simplesmente manter o não inicial. Sua atenção já era um bom caminho andado. E assim estava escrito:

Não acordou naquela manhã pela primeira vez em 51 anos. Seu coraçãodecidiu que era hora de parar de bater por aqui. Homem simples, pouca vezes alguém ouviu de sua boca um palavrão ou uma frase em voz alta. Era manso... Humilde no trato, amável no jeito, simples na conduta, inteligente e bem informado. Trabalhou muito, a vida toda. Da roça pra cidade, onde serviu o exército, foi barbeiro, estudou, virou bancário, contador, corretor, vendedor, viajante.

Até numa chácara chegou a levar a família pra morar. Para os filhos herança não deixou. Não dessas que se conta no banco. Mas o amor pelos livros, o gosto por modas de viola, o encanto pelo canto dos pássaros, pelo sabor do peixe pescado na hora, seu jeito de acreditar sem precisar ter fé e de ter
fé mesmo quando desconfiava.

Não era de ir à igreja; trazia uma reverência quase santa pela honestidade. Não roubava, nem no truco, na canastra, na sinuca, no xadrez. Gostava de um cigarrinho, lá de vez em quando, ou uma cachacinha de alambique. Tinha que ser das boas. Se era pra ter prazer, que ele fosse genuíno.

Adorava um bom Dodge Dart, ou um Charger RT. O Opala também era
paixão. Falava quase emocionado sobre a potência daquele motor, o ruído clicado da suave troca de marchas. Teve também seus fusquinhas.
E por um bom tempo carregou mulher e filhos numa velha e poderosa
bicicleta preta, Gallo. Por falar em filhos, além da esposa deixou os três bem criados, encaminhados, como diria. Não chegou a ver todos os netos. Quer dizer, não com os olhos que um dia contemplaram seu time quebrar um jejum de 23 anos na fila.

Curioso como aquele coração aguentou tanto e ficou fraco por tão pouco. Nunca falou sobre uma possível doença. O Mal de Chagas, provável causa da morte, só surgiu como informação muito tempo depois. Morte que aconteceu num 21 de maio. Para evitar rompantes de socorro ele se foi quando os filhos estavam longe. Não houve despedida. Não do jeito que a imaginamos, ou desejamos. Foi um corte, um desligar sem  chance, uma parada obrigatória.

Seu nome? Deixo guardado no coração de filho. Você pode preencher com o nome de um pai amado. Se também estiver com saudade...


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Reflexões sobre uma página estampada



Em meio as manchetes sobre novas guerras, vi um restinho de esperança. Um homem, sobrevivente do vírus Ebola, ganhou  um abraço contra o estigma de contagioso. Uma mulher que não via seu irmão há mais de 50 anos doou um dos rins e salvou sua vida. E um policial que, por telefone, ajudou alguém a  manter vivo um bebê engasgado.

Claro que entre essas mesmas manchetes havia muito daquilo que  nunca iríamos  precisar saber. Como as dançarinas que um dia já foram do Tchan e pediram a benção do Compadre para voltar aos palcos; pertinho do espaço da página em que Sabrina cancela o anúncio sobre a procura de um triplex em São Paulo.

No mesmo dia um outro avião caiu e a inflação parecia pouco domesticada.  O  Governo   anunciava que ganhou mais de 91 bilhões só em Junho e Dunga estava lá, de volta.  Garantindo que agora será um comandante paz e amor.

As notícias são tantas e trazem tanta coisa que é raro a gente se aprofundar muito nelas. Até porque, como estamos vendo, o que está em destaque hoje será vaga-pouca-ou-quase-nenhuma-lembrança amanhã.

Mesmo assim, nem sei direito a razão, resolvi  olhar  com uma lente mais potente o que os sites e jornais diziam, no dia em que escrevi mais uma crônica. Confesso que as capas me parecerem muito iguais a outras que vi milhares de vezes. Só que hoje, poucos dias depois de perdermos João Ubaldo e Rubem Alves, com Ariano Suassuana lutando para poder contar ao menos mais uma história, enxerguei ainda menos sentido em quase tudo.

Fiquei pensando no jogador brasileiro que se naturalizou ucraniano para atuar naquele país e foi chamado para o exército. Que drama o desse rapaz: descobrir na prática que o futebol nunca foi uma guerra. A guerra além de feia não tem vencedores.


As notícias parecem ter poucos vitoriosos e heróis. Para encontrá-los é preciso garimpar muito. Ou mudar o mundo, nem que seja um pouco de cada vez. Lembrando que esse é o tipo de notícia que não vende. 


terça-feira, 22 de julho de 2014

No mundo da lua



Quando eu era criança, sonhava em ser astronauta. Também, pudera: a corrida espacial estava no auge e até LP com gravação das vozes dos membros da Apollo 11 a gente ouvia naquela época. Se você não sabe o que é um LP e tem vaga lembrança sobre do que se trata a Apollo 11 e corrida espacial, um de nós dois está no texto errado ou fora de órbita. Possivelmente eu, com altas doses de nostalgia e mundo da lua hoje.

Mais tarde descobri que precisaria demais da matemática. E ela sempre foi para mim um universo distante. A fobia que sinto à beira de qualquer sacada possivelmente teria também me reprovado em  algum  teste da Nasa ou na Agência Espacial Russa.

Mesmo assim, o fascínio pelas estrelas, pelo infinito, pela imensidão do que vemos e pouco sabemos ainda permanece. A ficção nos filmes sobre viagens intergalácticas sempre me ajudou a manter o sonho em dia. Jornada nas Estrelas, 2001 - Uma Odisséia no Espaço, Star Treck e tantos outros, exibem mundos irreais para as crianças reais e sonhadoras que existem dentro dos fãs.

Também sou daqueles que acredita na Eternidade. Não a da religião, que limita o Divino a uma prateleira, altar, tribuna ou biblioteca. Mas sim a da mente humana. Criada para sonhar e enxergar depois do sempre. Nela me apego para um dia virar mesmo um astronauta. Um viajante do infinito e além, como diria  o simpático Buzz Lightyear.

Só que não me vejo desenhado, tipo o inesquecível e solitário Astronauta de Maurício de Sousa, ou produzido para uma sessão de cinema. Contemplo mesmo uma possibilidade de que a Universo será uma casa de todos nós. Como escrevi numa postagem que chamo de #frasedomingueira: “Quem nos embarcou na viagem da vida deve estar nos esperando em algum lugar. Não pode, simplesmente, ter no lançado no espaço e no tempo sem retorno.”

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Receita para um agrado; #frasedomingueira de hoje

"Ao pensar em agradar alguém certifique-se de que essa pessoa irá entender. Depois observe se o que faz, escreve, diz ou irá enviar realmente é agradável. Pense ainda umas dez vezes... Agradar quem não merece ou quer, é um tipo de atitude inflamável; pode queimar!"



terça-feira, 17 de junho de 2014

Larissa furou a fila



Pouca coisa ou quase nada está acontecendo. Ao menos é essa a impressão que passam alguns dos principais sites do país. A Copa e seus entornos tomaram conta da mídia e só o que acontece por lá parece ser o fato. Nada contra o mundo da bola, pelo contrário; gosto de futebol desde que meus tios, pai, padrinho e amigos me deram 11 bolas no aniversário de primeiro aninho. Todos acreditando que mais um craque havia nascido...triste ilusão.

O problema não é a bola, nem a competição, que aliás apresenta um nível elevado tecnicamente e boas partidas quando o assunto é esquema tático e a inteligência do jogo. A questão que incomoda é a maneira com que o usuário-leitor-internauta-consumidor é tratado.

A manchete que mostra a paraguaia Larissa Riquelme se vangloriando de ter furado a fila com a ajuda de "oficiais" no aeroporto lotado é emblemática. A moça, que um dia alguém decidiu escolher como a musa da Copa de 2010, conseguiu mais uma vez virar notícia. Agora, mesmo sendo made in Paraguay, mostrou ginga num autêntico jeitinho brasileiro. Driblou a segurança enquanto dezenas de "não-musos e musas" tiveram que esperar a burocracia nas emperradas filas. Algo comum nos péssimos aeroportos brasileiros.

Pra piorar, além de não acrescentar nada além da indignação e do vazio que uma notícia dessas representa, os destaques do Mundial 2014 são, em sua maioria,  dignos de Caras ou tapas na cara.

Veja o caso do mascote Fuleco, por exemplo: não apareceu nos estádios, ninguém viu na abertura do evento e possivelmente será o grande ausente até o final. Tudo porque a Fifa não teria cumprido com sua parte num acordo com entidades de defesa do tatu-bola, animal ameaçado de extinção e que seria alvo das ações numa campanha com apoio financeiro da promotora da Copa. O valor oferecido para ajudar na defesa do bichinho, não passaria de 300 mil dólares, parcelados em 10 anos.  Ong's e grupos de defesa não aceitaram por acharem ser muito pouco e o Fuleco ficou encalhado. Já o animal, sinceramente, não sei se seria mesmo ajudado.


Como ainda tem muita bola pra rolar e pouco tatú na roça, vamos assistir aos jogos. No meu caso, sem a mesma paixão que um dia me levava para a frente da TV. Talvez seja algo só comigo, um cara que anda cada dia mais impaciente com o tamanho das filas e com nenhum silicone para furar a defesa adversária... 

terça-feira, 29 de abril de 2014

Cinema para ouvir


A palavra gênio anda meio surrada. Gente com pouco talento no mundo das artes, do esporte, da ciência, tem sido elevada ao panteão onde vivem os verdadeiros gênios sem merecer estar ali. Não por falta de esforço, mas por não haver mesmo como comparar. Gênio é gênio e ponto. Poucos chegaram lá e um número  limitado   alcançará essa glória, mesmo que alguém queira entrar  sem a senha.

Não corro o risco de ser condenado pela homenagem que faço nesta crônica. O artista que reverencio aqui já foi chamado de gênio por outros gênios, e aplaudido pelo mundo em salas de cinema de Los Angeles a Bangladesh.

Nascido em Frankfurt, Hans Zimmer começou a carreira tocando teclados e sintetizadores com amigos em bandas alemãs. Nos anos 80 mudou o tom e entrou de vez no mundo do cinema. Em 1988, enquanto Dustin Hoffman provava mais uma vez com seu Rain Man que é um ator espetacular, acordes compostos por Zimmer embalavam as cenas daquele filmaço. De lá pra cá o músico acertou em cheio em quase tudo o que fez. Seu toque de Midas musical é algo digno de Nino Rota, Max Steiner, John Barry, Ennio Morricone, Maurice Jarre e  outros  poucos.

Dia desses  falei  para minhas filhas, ao sairmos do cinema, que teria ido ao filme só para ouvir a trilha de Hans Zimmer, mesmo que a película não fosse lá uma Brastemp. Tenho por ele um ouvido apaixonado. Especialmente depois do que fez em O Gladiador,   Batman - O Cavaleiro das Trevas, A Origem, Thelma e Louise, Piratas do Caribe, O Advogado do Diabo e mais recentemente  nos filmes 12 Anos de Escravidão e Divergente. Como podemos ver e ouvir, a lista é longa e cheia de músicas inesquecíveis.

Posso garantir que com a trilha de animações como O Rei Leão, O Príncipe do Egito e Madagascar eu também me remexo muito.

Com as cenas que emoldura em sua belíssima arte de compor e produzir, Zimmer tornou-se excelente e em alguns aspectos, singular. Sou  fã sem carteirinha, já que não pago meia há muito tempo. Mas não tem problema, quando a trilha é dele posso até pagar o dobro, sair e pagar de novo. É gênio!

quinta-feira, 6 de março de 2014

Cinema em casa

Durante um passeio com minhas duas filhas surgiu o cinema, como tema da conversa.  Falamos   sobre  “12 Anos de Escravidão”. Elas queriam saber o que eu  e a “mamis” tínhamos achado do filme. Respondi que além de termos gostado muito da saga de um homem livre, sequestrado e escravizado em fazendas no sul dos EUA, nos chamou a  atenção  o  fato de que  após 161 anos o jornal "New York Times" tenha corrigido um artigo  sobre a  história que originou o ganhador do Oscar.

Publicado em 20 de janeiro de 1853, o texto traz o nome de Solomon Northup, protagonista do drama, grafado incorretamente. O sobrenome aparece como "Northrop" e como "Northrup". O erro veio à tona após a escritora Rebecca Skloot apontar o problema no Twitter.
Curiosidades como a produção ter sido salva pelos cofres de Brad Pitt, o diretor e ator principal serem ingleses, o roteirista ter trabalhado de graça até aparecer alguém que bancasse o filme, o exuberante desempenho do alemão Michael Fassbender também pontuaram nosso papo.
E é gostoso compartilhar isso.  Poder  trocar  ideias sobre cinema, literatura, arte ou qualquer coisa construtiva com duas jovens de 17 e 14 anos é um privilégio.  Ainda mais se elas moram na mesma casa que você.
Em tempos de vacas magras nos relacionamentos, imersão nas redes e o novo mundo das mídias sociais e sua revolução silenciosa, dedinhos de prosa  em família tem um quê de tábua de salvação. Me peguei pensando nisso e fiquei feliz em saber que desfrutamos de prazeres mútuos, mesmo pertencendo a universos tão distintos. O choque de gerações não rompe laços de amor e carinho.
Claro que eu e minha esposa esbarramos na imensa dificuldade que é conviver e entender seres tão diferentes. Filhos evoluíram tanto que às vezes temos a impressão de que foram abduzidos  e  alienígenas os capacitaram com poderes além da nossa conta. E isso acontece com todo mundo. Só muda o endereço.

Mesmo assim me flagrei em paz, lembrando da conversa sobre a luta do escravo que queria voltar pra sua casa. E é isso o que muita gente experimenta hoje: um enorme desejo de voltar pra casa.  Independetemente do tipo de escravidão que enfrenta.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Filho é quem cria


Nasci no interior de São Paulo, morei no Paraná, de lá  fui para Rondônia de onde me mudei há pouco mais de um ano para voltar a ser paulista. Das saudades que deixei, a maior delas sempre volta ao que escrevo: o amor por meu falecido pai, a quem me refiro sempre como o homem da minha vida. Tudo o que me lembra seu Benedicto mexe com algo dentro de  mim  que não tem botão de desliga.

O que eu não esperava  era  que um mês de molho em casa, por conta de uma cirurgia, com os cuidados mais que especiais que recebi da esposa e duas filhas, pudesse despertar esse algo dentro de mim de forma tão viva.

É muito duro e complicado você não poder se movimentar muito. Depender dos outros para quase tudo e ter que pedir, incomodar, dar trabalho e preocupação. O afastamento é muito maior do que um período de licença médica para reabilitação.
Também por isso, de volta ao trabalho hoje, parei pra pensar no quanto minhas três mulheres se dedicaram nos dias de repouso forçado; e ainda se dedicam:  ajudando  na minha  reentrada ao mundo do trabalho e do convívio fora do quarto e sala.

Ao pensar nas filhotas pensei em mim como filho. Enviei uma carta de cobrança ao passado. Nela eu pergunto se fui, em algum momento, tão bom com meu pai quanto elas estão sendo comigo. Se amei de forma tão intensa como sou amado. Se ofereci tantos sorrisos e frases… e café pronto, com uma boa fatia de bolo de fubá com margarina.

No meu aniversário, dia desses, vi que estou chegando perto da idade que ele tinha quando morreu. Jovem demais para ir tão longe sozinho. Não como medo de que aconteça o mesmo comigo, nada disso. Pensei nisso porque ainda estava lá no passado, cobrando o filho que um dia eu não sei se fui.


Não consegui desligar ainda. Também não é pra menos. Comecei agora a pensar em quem fez o bolo. E no marido que devo ser. 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Para São Paulo

De pau e pedra

São Paulo faz aniversário, mas é uma cidade que chora. Tem ondas de lágrimas nas ruas alagadas e choro contido nos semblantes silenciosos do metrô lotado. Quer gritar sua incrível história, sobre como se tornou o gigante que  cresceu tanto a ponto de mal conseguir ver os próprios pés. 

Fascinante  em explosões de arte e cultura, explode gente também.
Tem um sotaque tão seu, mesmo sendo de tantos. 
Exemplo de lugar que a gente ama ou detesta. Às vezes experimenta esse amor e ódio  num mesmo dia. Basta a garoa virar tempestade.

A metrópole é protagonista. Desperta muita inveja. Nenhum lugar é assim. Em São Paulo você encontra o mundo inteiro. Tem um planeta espalhado entre milhões e consegue perder  o eu de cada um numa correria que enreda, fisga, vicia, apaixona e silencia o semblante no metrô lotado. 

No quarto do hotel, de onde escrevo, vejo a pequena mala que fecho amanhã para voltar pra casa. Abaixo o volume da TV, pra ouvir a cidade ali fora. Tão poderosamente grande, que ao invés de acolher nos  recolhe. E ainda assim é mágica, encantadora, misteriosa...

Um dia o poeta cantou que quando chegou por aqui ele nada entendeu. E quem entende?
São Paulo não se explica. Pode ser comparada ao santo que lhe empresta o nome. O apóstolo que  escreveu sobre o amor de tal forma que nem Shakespeare conseguiria. 
Se eu falasse a língua dos anjos e não tivesse amor, eu nada seria. 
Pronto, eis o presente de aniversário ideal: doses maiores de amor. São Paulo agradece. Não o santo, que já está no céu, mas a cidade, que não quer e não merece virar um inferno.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Lilico foi um dos meus  heróis da infância. Não o personagem de  TV. De quem meus pais eram fãs. Mas o cachorro lá de casa. Cujo nome foi dado por causa do Lilico da telinha; engraçadíssimo com seu bordão no programa Balança  Mas Não Cai: “Alô Brasil...aquele abraço”, e mais tarde na Praça da Alegria, com o homem do bumbo cantando “ Tempo bom, não volta mais... saudade de outros tempos, de paz”.


Pois então, ele é quem inspirou o batismo do vira-lata mais inteligente e fascinante que tivemos. Protagonista de um dos episódios marcantes na vida da família. Pelo menos é assim que ainda enxergo.  Cada um vê  com a dimensão que a emoção permite e os olhos da alma alcançam.

Eu estava jogando bola no campinho ao lado de casa, coisa que  fazia até mesmo quando chovia, e de repente começou o alvoroço que havia quando a carrocinha aparecia no bairro. Os homens que recolhiam os cachorros na rua, eram os vilões que toda criança odiava. Ainda mais com as histórias de que os cãezinhos pegos sem coleira iam direto para a fábrica de sabão.
Curioso como os vira-latas  eram resistentes e cumpriam muito bem o seu papel de membro da família sem pedigree. E nosso Lilico era o cara. Interessante também como a liberdade deles era incrivelmente recompensada com sua fidelidade. Sem coleira. Era assim que  viviam. Não que elas fossem caras. Mas o vira-latas  que entrava pela cozinha como membro da casa era um ser livre. Mesmo tendo suas obrigações familiares. Por isso, para mim, a carrocinha era o carro do inferno.

Naquela manhã, quando a gritaria da meninada aumentou, meu precioso Lilico foi capturado. Levaram o xodó dos Domingues e meu grande amigo. Entrei em casa, chorei atrás da porta do quarto, como poucas vezes. Até que minha mãe gritou alto, num rompante de alegria que nem era comum em seu comportamento mais na dela mesmo. Lilico havia voltado. Correu para debaixo da cama, onde também corri para encher meu pequeno herói de beijos. As lambidas eram os beijos dele.

Poucos minutos depois um homem bateu em casa para falar com dona Paulina. Disse que era da carrocinha e que um dos cachorros havia conseguido levantar a tramela da porta do furgão fazendo com que todos os cães escapassem. A rua ficou cheia e os vilões teriam que recomeçar tudo de novo.
Como quem não tinha nada com isso, mas desconfiada de que o autor da façanha era o nosso Lilico, ela despistou, disse que estava preparando o almoço e voltou para dentro. Me contou o caso e rimos para a vida toda. Se de fato foi ele quem causou a lambança eu não sei dizer. Mas para mim foi! Meu herói e o maior de todos para a cachorrada do bairro. Tempo bom.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Frases Domingueiras parte I


1.    O arrependimento é um anjo bom. Voa junto com o perdão e a lucidez e aponta o trecho da estrada onde podemos voltar e recomeçar.



2.    Cuidado com o inimigo que sorri e te elogia. Prefira o amigo que se cala e te olha com olhos de censura e cuidado.



3.    Se você tem certeza que fez algo seguro de que era o melhor. Se a bondade permeava suas ações, descanse.  A razão é amiga íntima do tempo.



4.    No esforço de parecer global, esqueceu-se de como era andar na própria calçada.



5.    Não é preciso esconder a própria crença se ela é baseada no amor.



6.    Ser  membro de determinada igreja ou  religião  pode te fazer mais popular, não necessariamente mais feliz.



7.    A televisão tem teclas para mudança de canal e tem uma maior e muitas vezes mais importante, aquela que desliga o aparelho.


8.    De todas as redes a que mais gosto é aquela estendida na casa da praia.



9.    Ando com saudade de Deus. Não aquele que os homens inventaram. Daquele que inventou os homens.



10.                      Eu acredito em seres de outro planeta. Não sei se eles acreditam em mim.



11.                      A necessidade e a dor do próximo despertam o amor, o cuidado e o senso de justiça. Também nos fazem ver, muitas vezes, o quanto nosso problema não era tão grande assim.



12.                      De repente teve um branco. Do nada surgiu uma vontade enorme de ficar calado. No meio do silêncio vazio, um alívio.



13.                      Quando era pequeno sonhava em voar para a lua. Hoje fica irritado quando dizem que vive lá.



14.                      A verdade dói,  é verdade. E dói de duas maneiras. Na hora que é dita e com o tempo, de forma muito maior, se não for levada a sério.



15.                      Não é culpado só o líder que engana as pessoas. A sociedade  desinformada e com pouca educação  e governantes que investem para que isso permaneça assim, também deveriam  ir  para o banco dos réus.



16.                      A imagem que temos do bandido é de alguém com máscara, touca ou algum tipo de disfarce. Seu linguajar, a frieza, a falta de humanidade e respeito,  fazem parte do pacote. Mas, o bandido de farda e o que usa paletó e gravata são mais perigosos e mortais. Nem tem o trabalho de disfarçar nada. Se seguram em leis que vão do nada a lugar nenhum e na ignorância de quem os aplaude e reverencia.



17.                      A senha para acessar o amor não é composta por números. Ela é formada por  palavras, que, se nåo forem acompanhadas por atitudes de serviço e cuidado também não funcionam. O acesso fica negado.




18.                      Os ansiosos também herdarão o Reino, mas não tão rápido quanto querem.



19.                      Quando um tolo fala alto para que todos o escutem, ele quer chamar a atenção para o barulho que o vazio de sua alma é capaz de fazer.




20.                      Fosse eu alguns anos mais jovem, estaria pensando sobre o que fazer da minha vida. Hoje, mais maduro,  já sei o que não fazer.



21.                      Não quero voltar a ser criança. Quero que o sonho que um dia tive, de ver e viver num mundo melhor, não morra. Quando ele morrer, a criança que existe em mim também morrerá.



22.                      O mau às vezes nos cala. Não porque grita, fala alto ou é capaz de explosões e ruídos assustadores, mas por usar o silêncio ensurdecedor da mentira e o disfarce da bondade.



23.                      Quem disse que o coração não dói  não sabe o que é dor ou não tem coração.



24.                      Ser amigo é o primeiro passo a ser dado para quem quer ter amigos.



25.                      Meu medo é que as pessoas com que eu contava para mudar o mundo  tenham  se afogado no mar de ganância, dinheiro e mentira. E que eu me veja só,  numa ilha deserta, apenas com histórias para contar.



26.                      A insônia é um sinal de que não conseguimos desligar, mesmo depois que a bateria acaba.



27.                      Não desanime se  estão  te jogando de um lado para o outro, talvez você seja a bola da vez.



28.                      Seja como uma árvore frondosa, forte e enraizada. Dê muitos frutos. E cuide para que tua sombra não impeça outros de crescerem ao teu redor.



29.                      O amor e a saudade fazem com que alguns mortos permaneçam tão vivos.



30.                      Mortos mesmo estão os hipócritas, os arrogantes, os materialistas, os egoístas e todos aqueles que não suportam ver alguém feliz e realizado.



31.                      Das bruxas não tenho medo. Temo aqueles que se dizem santos e de posse do que acreditam podem  me queimar a qualquer momento.



32.                      Torcer ou jogar pela seleção não tem nada a ver com defender a pátria ou o futuro da nação. O País precisa de pessoas que ataquem os  males causados pela pobreza, violência, falta de saúde e educação. Não é da Copa que precisamos, mas da casa toda arrumada.


33.                      O problema não é a rotina ou a burocracia. O problema está nas pessoas que se deixaram escravizar por elas e não sabem viver de outro jeito.



34.                      Acredite, aquela compra, aquele produto, a sensação de ter, não trarão paz duradoura e alegria verdadeira. Isso vem de acordo com o que somos e damos, não graças ao que podemos comprar.



35.                      Simplicidade é aquilo que muitos perderam por causa do dinheiro ou esqueceram em função do status. Humildade é dom, algo que quem tem não perde, porque pratica diariamente.



36.                      Nem todos os pontos do quadro da nossa vida são coloridos. Alguns são invisíveis porque foram pintados com lágrimas.



37.                      Seja gentil. Tenha um comportamento amável e cheio de gratidão. Por mais que isso não pareça importante agora. Quem tem asas é a imaginação, o reconhecimento e os resultados caminham um passo de cada vez e ainda param para descansar de vez em quando. Mas eles vão chegar, se você não fechar as portas.
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Domingues Jr.
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