sexta-feira, 15 de abril de 2016

Depois de um tempo off, volto a publicar. Aqui apresento alguns #continhosdomingueiros;
Um novo trabalho, que desenvolvo no twitter @dominguesjunior e que também vai virar livro.
Nele escrevo após a hashtag continhos, nos 128 caracteres que me restam, uma pequena história, diariamente...
No desafio de conseguir dizer algo com significado, mesmo em poucas palavras, disciplino a técnica para um compromisso de criar e aprender, desenvolver e manter a arte viva dentro de mim e daqueles que me dão o privilégio de ler.
Obrigado por ler!!



Continhos Domingueiros




Publicações no twitter de histórias não pequenas





#continhos: lembro da conta na padaria do seu Manuel, anotada na caderneta. No final do mês papai pagava. Um saboroso preço de confiança.




#continhos: o sujeito adora mostrar o currículo, a formação, a própria soberba. Imagino que seu espelho seja feliz, ou um mentiroso...



#continhos: Nossa primeira TV em cores chegou em 76. Vimos as Olimpíadas do Canadá. A chama da tocha apagava o mundo em preto e branco.



#continhos: não encontrou a si mesmo na discussão. Quem é rico, remediado, emergente ou em crise? Pobre de medo, pagou, pegou o troco e saiu




#continhos: Era um fantasma diferente ele. Não arrastava correntes nem a ninguém assustava. Desde vivo era assim, silencioso e educado.





#continhos: vaidoso ao extremo não percebia o quanto suas histórias o distanciavam de todos. Rico, mas soberbo, rodeado de ouvidos cansados.er




#continhos: quedou-se triste, como há muito não fazia. Com a tristeza veio uma preguiça de viver, de querer mais, ou sonhar. Adormeceu, só.



#continhos: pai, o que é ser global? Ah filho, hum,veja bem (silêncio demorado), tudo bem pai, vou tentar uma mais fácil:pode desligar a TV?






#continhos: sofria na despedida. Chorava dentro e fora. Ir embora, mesmo que pra voltar, era tortura. Queria vida sem partidas, só chegadas.

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#continhos: adoecia quando alguém contava uma história triste, dolorida. Ela era assim, esponjava a dor alheia. Dizia ser amor e não sofria.





#continhos: disparou um alarme há horas. Casa ou carro? Não sei. Mas é estridente, constante, insuportável. Bandido bom é bandido surdo...
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#continhos: não gostava de caminhadas. Não daquelas na rua, com o concreto ao redor. Preferia a moldura da floresta, o cheiro, o som, a cor.
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#continhos: no consultório me deparei com Hebe e Dercy na capa de uma revista. Acho que deixam de propósito, pra gente não pensar no futuro.




#continhos: dormiu pesado, um sono daqueles de apertar os dentes. Sonhou com amigos distantes e outras gentes do passado. Vivos somente ali.





#continhos: juntou os pedaços como se pega sujeira na vassoura e pá. Aos cacos com dor de perda e dúvida, chorou. Viu que nem tudo era lixo.
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#continhos: aprendeu a gostar de comida japonesa cedo. Depois veio o cinema, a história, a tradição. O Japão, tão longe, nunca foi distante.
der

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#continhos: viajava de bike pela América. Suíça, cidadã do mundo, aventureira. Encontrou a morte numa rodovia que não gosta de duas rodas.






#continhos: pela manhã fez uma prece. Daquelas que há muito não fazia. Prostrado, conversou com o invisível. Fé é ter mais amor do que medo.





#continhos: tinha um sorriso gigante. Ilustrava a vida dos outros. Mostrando a alma como se tudo fosse eterno. Não sei nem se sabia chorar.





#continhos: tudo o que o amigo queria era mais amizade do outro. Uma porção de entrega...pouco mais de jeito. Menos culpas e dedos. Verdade!






#continhos: não conseguia ver o rio da janela onde estava. O nublado era a fumaça do chão queimado. E fica o ar sem vida, e a vida sem rio.





#continhos: nunca na história daquele país tanta gente havia ficado tão quieta. Um silêncio gigante. Quase tão alto quanto o grito entalado.






#continhos: dos lugares, a maior saudade é da casa da vó. O cheiro, o papagaio no puleiro, o tempero, em doses de amor num passado presente.




#continhos: ao nascer, deram-lhe nome de pesado fardo. Acreditou mudar a sorte ao trocar a graça. Deixou de ser Jó para virar João, do Amor.






#continhos: tinha uma paixão inexplicável por cinema. Filmes iam e viam a ponto de perturbar-lhe a vida. Não vivia mais, interpretava-se...





#continhos: pregava liberdade e oprimia. Falava de amor, mas tiranizava. Sua hipocrisia gigante o transformou num homem pequeno e vazio.



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#continhos: chegou o dia afinal, decidiu não mais fazer tanto pelos outros. Ensimesmado num casulo invisível, virou outro, ou ele mesmo, só.





#continhos: menino cheio de tiradas, disse que homem também devia ser mãe e mulher podia ser pai. O pai quietou, a mãe, botou de castigo...





#continhos: observando os rápidos polegares do menino teclando o smartphone: garoto, como você consegue? O que tio? Nada, escreva, escreva..





#continhos: gritava na praça, anunciando o fim. Ninguém parava para ouvir. Um dia passou a falar sobre o novo começo. Ganhou até seguidores.






#continhos: vi o homem chegando à lua. Desci junto, saltei, sonhei universo de sonhos. Não acreditei quando me disseram para não acreditar.





#continhos: ninguém acreditou no poeta. Seus versos avisaram, em tom profético e rimas loucas. Ouvidos cegos nos impediram de sentir e ler.

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#continhos: tio, mandar pra nuvem é o quê? Com pressa respondi que é o mesmo que jogar tudo pro alto. Reinventei a frase por causa do tempo.





#continhos: Tio Nego contava causos assustadores. A criançada não pregava o olho até o último. Depois, o sono nos acordava, cheio de medo.






#continhos: embarcamos num voo às 23h00. Graças ao fuso horário, chegamos 22h50. A sensação de chegar antes de ter saido é cinematográfica.









#continhos: não se desespere, dizia ele em tom cuidadoso. Tentava esconder o tremor nas palavras, na luta para me fazer voltar a acreditar.







#continhos: quando vi que a maratona de Boston fez 2 anos, pensei nos atentados que ficaram no passado. O mundo se reconstrói, aos pedaços.








#continhos: de todos os lobos da floresta ele era o maior e mais forte. Ao uivar despertava a lua e o pequeno, que dentro de mim não dormia
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#continhos: quantos amigos tive. Não sei dizer onde estão todos. Eles também não sabem de mim.A não ser nas lembranças. Ali ainda nos vemos.





#continhos: de repente veio um tremor, um formigamento, uma dor pequena. O tempo e o destino levam a gente a descobrir o corpo ao contrário.






#continhos: chegou um dia eu comecei a falar que no meu tempo era assim e assado. O passado apareceu. Mesmo assim, ainda prefiro o futuro.






#continhos: lia tanto e relia, que os livros já se misturavam em amareladas histórias. Assim era sua vida, só dela, fechada em livro aberto.





#continhos: nunca dizia nada que não fosse sábio. Até quando silenciava . Que saudade! Ouvi tanto ruído hoje, que temo esquecer sua voz.






#continhos: Bon tinha medo de não ter amigos. Agradava a todos, para garantir alguns. Um dia desistiu! Começou a pensar em não ser amigo.








#continhos: depois de uns anos no hospício, acordou da loucura. Como provar agora a cura? Ele não lembrava mais como era ser gente normal.





#continhos: doce como fruta madura é a prosa que sai de suas letras. Desde que aprendi a ler #miacouto, tenho um gosto feliz no céu da boca.
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#continhos: já me afoguei 3 vezes e peguei medo de água. Sacadas também me assustam. De voar eu gosto, principalmente nos sonhos...





#continhos: sempre gostei de viajar, desde os tempos do Fusca do seu Dito, meu pai. Sem cinto, gasolina barata, devagar; a gente ia...






#continhos: Havia um tempo em que andar pelas ruas era contemplar casas sem muros e calçadas cheias de mais outros. A noite não dava medo.




#continhos: Ele tinha mania de cobrar. Nada tava bom. Razão era a sua e ponto. Quando viu o quanto errou, já não tinha a quem pedir perdão.










#continhos: quando briguei com meu avô na pescaria, ele teve um troço. Deu até hospital. A primeira culpa a gente não esquece.




#continhos: Eu brincava de revólver qdo pequeno. Fui mocinho, índio, vilão. Os filhos de hoje não usam armas; Só as do game.Imaginam menos.




#continhos: Glória pega água pra mãe. Oh mãe, o poço tá seco. Ah menina, então chora. Mãe, já não falei que acabou a água?









#continhos: Do jeito que surgiu no campo, incendiou a arquibancada. Justiça seja feita, o pai já dizia que um dia o menino seria fogo.